Génesis 22
1. Ora, os anos da vida de Sara foram cento e vinte e sete.
2. E morreu Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; e veio Abraão lamentá-la e chorar por ela:
3. Depois se levantou Abraão de diante do seu morto, e falou aos filhos de Hete, dizendo:
4. Estrangeiro e peregrino sou eu entre vós; dai-me o direito de um lugar de sepultura entre vós, para que eu sepulte o meu morto, removendo-o de diante da minha face.
5. Responderam-lhe os filhos de Hete:
6. Ouve-nos, senhor; príncipe de Deus és tu entre nós; enterra o teu morto na mais escolhida de nossas sepulturas; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para enterrares o teu morto.
7. Então se levantou Abraão e, inclinando-se diante do povo da terra, diante dos filhos de Hete,
8. falou-lhes, dizendo: Se é de vossa vontade que eu sepulte o meu morto de diante de minha face, ouvi-me e intercedei por mim junto a Efrom, filho de Zoar,
9. para que ele me dê a cova de Macpela, que possui no fim do seu campo; que me dê pelo devido preço em posse de sepulcro no meio de vós.
10. Ora, Efrom estava sentado no meio dos filhos de Hete; e respondeu Efrom, o heteu, a Abraão, aos ouvidos dos filhos de Hete, isto é, de todos os que entravam pela porta da sua cidade, dizendo:
11. Não, meu senhor; ouve-me. O campo te dou, também te dou a cova que nele está; na presença dos filhos do meu povo te dou; sepulta o teu morto.
12. Então Abraão se inclinou diante do povo da terra,
13. e falou a Efrom, aos ouvidos do povo da terra, dizendo: Se te agrada, peço-te que me ouças. Darei o preço do campo; toma-o de mim, e sepultarei ali o meu morto.
14. Respondeu Efrom a Abraão:
15. Meu senhor, ouve-me. Um terreno do valor de quatrocentos siclos de prata! que é isto entre mim e ti? Sepulta, pois, o teu morto.
16. E Abraão ouviu a Efrom, e pesou-lhe a prata de que este tinha falado aos ouvidos dos filhos de Hete, quatrocentos siclos de prata, moeda corrente entre os mercadores.
17. Assim o campo de Efrom, que estava em Macpela, em frente de Manre, o campo e a cova que nele estava, e todo o arvoredo que havia nele, por todos os seus limites ao redor, se confirmaram
18. a Abraão em possessão na presença dos filhos de Hete, isto é, de todos os que entravam pela porta da sua cidade.
19. Depois sepultou Abraão a Sara sua mulher na cova do campo de Macpela, em frente de Manre, que é Hebrom, na terra de Canaã.
20. Assim o campo e a cova que nele estava foram confirmados a Abraão pelos filhos de Hete em possessão de sepultura.
Em Gênesis, capítulo 23, somos apresentados a um dos momentos mais humanos e tocantes na vida do patriarca Abraão: a morte de sua esposa Sara, com 127 anos, na cidade de Quiriate-Arba (Hebron). Este evento não é apenas um registro de luto, mas um marco que nos dá um vislumbre fascinante das relações sociais, econômicas e culturais da época. Abraão, um estrangeiro em uma terra que lhe foi prometida, precisa negociar para garantir um lugar de descanso para sua amada. Essa busca por uma tumba nos revela detalhes importantes sobre o povo local e seus costumes.
O Povo de Hete e Efrom, o Hitita
A Bíblia nos informa que Abraão se aproxima dos filhos de Hete, também conhecidos como hititas. Os hititas eram um povo estabelecido na Anatólia (atual Turquia) e também tinham assentamentos na região de Canaã. A civilização hitita foi uma das grandes potências do Oriente Próximo durante a Idade do Bronze, conhecida por sua tecnologia avançada em metalurgia, especialmente no trabalho com ferro. No relato bíblico, os hititas demonstram respeito por Abraão, chamando-o de “príncipe de Deus” (versículo 6), o que mostra que, apesar de ser um estrangeiro, ele gozava de grande prestígio.
Entre os hititas, surge Efrom, filho de Zoar, que era um dos mais notáveis. Ele é quem detinha a posse da caverna de Macpela, o local que Abraão desejava comprar para enterrar Sara. O diálogo entre eles é um exemplo de como as negociações comerciais eram conduzidas publicamente na época. Efrom, inicialmente, oferece a caverna e o campo de graça, um gesto que pode parecer generoso, mas que, na verdade, era uma cortesia formal, esperando-se que o comprador insistisse em pagar o preço justo. Abraão, com a sabedoria de um líder, recusa a oferta e insiste em pagar o valor total para que a transação fosse formal e inquestionável.
Quatrocentos Siclos de Prata
O valor acordado para a compra do campo e da caverna de Macpela foi de quatrocentos siclos de prata. Para nós, hoje, esse número não significa muito sem o contexto adequado. O siclo era uma unidade de peso e, na época, a prata era a principal forma de moeda, pesada em balanças para cada transação.
Determinar o equivalente exato em valores atuais é quase impossível, pois o poder de compra da prata e a escassez de recursos na antiguidade eram completamente diferentes. Contudo, podemos ter uma ideia:
- Naquela época, quatrocentos siclos de prata eram uma quantia considerável. Em outras passagens bíblicas, vemos que um escravo poderia valer 30 siclos. O preço do campo de Macpela, portanto, sugere que era uma propriedade de grande valor.
- Em termos de poder de compra, alguns historiadores estimam que esse valor poderia equivaler a um bom terreno agrícola com potencial de gerar sustento para uma família por um bom tempo. Era, sem dúvida, uma quantia substancial que demonstrava o compromisso de Abraão em solidificar sua presença na terra, não apenas como um viajante, mas como alguém que estava investindo em seu futuro e no futuro de sua descendência.
A transação foi formalizada publicamente, confirmando a posse de Abraão sobre a caverna e o campo, um passo crucial para o estabelecimento de sua herança em Canaã.
#Genesis21 #Abraão #Sara #Isaque #Samuel #Agar #Barbaseba #Patriarcas
Dia 11

Deixe um comentário