Mateus 4:1-11
1. Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
2. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.
3. Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães.
4. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
5. Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo,
6. e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
7. Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
8. Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles;
9. e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.
10. Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
11. Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram.
Uma Batalha no Deserto: Uma História de Força e Fé.
O sol do deserto da Judeia era um martelo de fogo, implacável. Jesus, recém-chegado das águas do batismo no rio Jordão, sentiu a areia quente sob os pés e a solidão profunda à sua volta. O ar, rarefeito, parecia carregar o peso de um propósito que Ele ainda não podia mensurar por completo. Ali, isolado, iniciou um jejum que durou quarenta dias e quarenta noites.
O corpo, já cansado, clamava por alimento. O estômago se contorcia, a cabeça latejava. A fraqueza física era um convite silencioso para a voz que viria a seguir. E foi então que a sombra se materializou, não como um monstro, mas como uma voz suave, quase persuasiva, que sussurrava no limite da sua audição.
A Primeira Proposta: O Pão e o Poder
A figura se aproximou, e Jesus sentiu o ar ao seu redor esfriar. “Se tu és o Filho de Deus”, começou a voz, “manda que estas pedras se transformem em pão.”
O diabo, em sua astúcia, não oferecia um ato de maldade. Oferecia uma solução simples para uma necessidade real: a fome. Era uma tentação sutil, um convite para usar o poder divino para benefício próprio. Para provar o seu valor, para silenciar a dor. A resposta de Jesus foi um eco de uma verdade mais antiga que o próprio deserto:
“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus.”
Era uma declaração de prioridade. A alma, e não o corpo, era a morada do verdadeiro sustento.
A Segunda Proposta: O Salto da Fé e o Perigo da Vaidade
Frustrado, o tentador mudou de tática. Transportou Jesus para o topo do templo em Jerusalém, o lugar mais sagrado. A cidade, lá embaixo, parecia um formigueiro de pessoas.
“Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo”, desafiou. “Pois está escrito: ‘Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra’.”
O diabo estava usando as Escrituras, citando as palavras de Deus para tentar Deus. Era a tentação da glória fácil, do espetáculo, da vaidade. Era a proposta de provar a sua divindade de forma grandiosa, forçando a mão de Deus para um milagre. A resposta de Jesus foi curta, mas letal:
“Também está escrito: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’.”
A fé não era para ser usada como um espetáculo, mas como a base de uma relação de confiança.
A Terceira Proposta: O Poder do Mundo e o Preço da Adoração
O último ato daquele drama silencioso foi o mais grandioso. Do alto de uma montanha, o diabo mostrou a Jesus todos os reinos do mundo, o poder, a glória, a riqueza. O mundo inteiro aos Seus pés.
“Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.”
Era a tentação final, a oferta de um atalho para a glória. Pular a cruz, a dor, o sacrifício. Alcançar o poder sem o sofrimento. Jesus, no entanto, já sabia o caminho. E a sua resposta foi definitiva:
“Vai-te, Satanás, porque está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás’.”
E assim, a sombra se desfez, e os anjos se aproximaram para servir a Jesus.
A Batalha Contra as Tentações em Nossos Dias
Meus amados, a história da tentação de Jesus não é um conto distante de um tempo esquecido. É um espelho que reflete as nossas próprias batalhas. Assim como Jesus no deserto, somos constantemente confrontados com vozes que sussurram em nossos ouvidos.
A primeira tentação, a do pão, é a voz que nos convence a buscar apenas o sustento físico, a colocar nossas necessidades materiais acima da nossa vida espiritual. É a tentação de nos preocuparmos tanto com o que vamos comer ou vestir que esquecemos da palavra de Deus. O evangelho nos lembra que nossa verdadeira vida está em nos alimentarmos da Palavra.
A segunda tentação, a do espetáculo, é a tentação da vaidade, do sucesso fácil, da necessidade de provar nosso valor para o mundo. É a tentação de buscarmos a aprovação humana em vez da aprovação de Deus. O evangelho nos adverte a não usar nossa fé como um palco, mas como um alicerce.
A terceira tentação, a do poder, é a tentação de colocar as coisas do mundo acima de Deus. É a tentação da ambição desmedida, de buscar a riqueza e o status a qualquer custo, mesmo que isso signifique comprometer nossa fé. O evangelho nos lembra que a única glória duradoura está em adorar e servir somente a Deus.
Em nossos dias, o deserto pode ser o nosso trabalho, a nossa família, as nossas redes sociais. Mas a mensagem de Jesus permanece a mesma: a única forma de vencer as tentações é através da Palavra de Deus. Ela é o pão, o alicerce e a bússola que nos guia em direção ao Pai. Que possamos, como Jesus, ter a coragem de dizer “não” ao que o mundo nos oferece e “sim” ao que Deus nos convida a ser. Amém.
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Dia 7

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