Mateus 4:12-17
12. Ora, ouvindo Jesus que João fora entregue, retirou-se para a Galiléia;
13. e, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali;
14. para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías:
15. A terra de Zebulom e a terra de Naftali, o caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia dos gentios,
16. o povo que estava sentado em trevas viu uma grande luz; sim, aos que estavam sentados na região da sombra da morte, a estes a luz raiou.
17. Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Jesus começa a pregar: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus
Já parou para pensar por que a Bíblia nos conta que Jesus começou a sua pregação na Galileia logo após a prisão de João Batista? Este evento, que muitos veem apenas como uma nota de rodapé, na verdade marca um ponto de virada crucial. Ele não é apenas um detalhe cronológico, mas um momento-chave que nos revela muito sobre o plano de Jesus.
Vamos mergulhar neste pequeno trecho do Evangelho de Mateus para desvendar as conexões entre João Batista, a profecia de Isaías e o início do ministério de Jesus. Vamos explorar por que João foi preso e como este ato de injustiça preparou o palco para a chegada da “grande luz” em uma das regiões mais desprezadas de Israel.
A Relação entre João Batista e Jesus
Para entender a importância da prisão de João, precisamos primeiro examinar a relação entre ele e Jesus. João Batista não era apenas um pregador que batizava as pessoas no rio Jordão; ele era, segundo a tradição cristã, o precursor de Jesus. Sua missão era preparar o caminho para o Messias, anunciando a chegada do Reino de Deus e chamando o povo ao arrependimento.
Essa relação é de complementaridade: enquanto João batizava com água para o arrependimento, ele mesmo profetizava que alguém mais poderoso viria depois dele, alguém que batizaria com o Espírito Santo e com fogo. A prisão de João, portanto, marca o fim de uma era e o início da seguinte. Era como se a cortina do teatro se fechasse para um ato e se abrisse para o próximo, com um novo protagonista no palco.
A Prisão de João Batista
A prisão de João Batista foi um evento histórico com motivações políticas e morais. Ele foi preso por Herodes Antipas, tetrarca da Galileia e Pereia. A razão de sua prisão é explicitamente mencionada em outros evangelhos, como em Marcos 6:17-20: João havia denunciado publicamente o casamento de Herodes com Herodias, a esposa de seu irmão Filipe. Esse ato de João não foi apenas uma repreensão moral; era uma crítica política contra Herodes, que vivia de forma contrária à lei judaica.
A coragem de João em confrontar o poder estabelecido o levou à prisão e, mais tarde, à morte. No contexto de nossa passagem, sua prisão serve como um catalisador para o início do ministério de Jesus. Com a voz do precursor silenciada, era chegado o momento para o próprio Messias assumir a sua missão.
A Profecia de Isaías e seu Cumprimento
É neste ponto que Mateus introduz a profecia do profeta Isaías. O trecho citado, Isaías 9:1-2, diz o seguinte:
“A terra de Zebulom e a terra de Naftali, o caminho do mar, além do Jordão, a Galileia dos gentios. O povo que andava em trevas viu uma grande luz; sobre os que habitavam na região da sombra da morte, resplandeceu a luz.”
Essas palavras foram proferidas por Isaías no século VIII a.C., em um período de grande instabilidade e ameaça de invasão assíria ao Reino de Israel. A região da Galileia era a primeira a ser afetada por esses conflitos, e seus habitantes, descritos como vivendo em “trevas”, eram vistos como desprezados e marginalizados, por vezes até mesmo misturados com povos gentios. A profecia de Isaías era, portanto, uma promessa de esperança e redenção para um povo que vivia na obscuridade e no sofrimento.
A citação desta passagem em Mateus não é aleatória. Ela serve para contextualizar e legitimar a decisão de Jesus de iniciar seu ministério na Galileia. Ao se mudar para Cafarnaum, uma cidade estratégica nessa região, Jesus estava, de fato, cumprindo a promessa profética. Sua presença ali, e o início de sua pregação, eram a “grande luz” que Isaías havia prometido para aqueles que viviam na escuridão.
A Importância dos Fatos para o Início do Ministério de Jesus
A prisão de João Batista e o cumprimento da profecia de Isaías formam a base para o início da pregação de Jesus por três razões principais:
- Marcos de transição: A prisão de João sinaliza o fim da sua missão de precursor e o início da missão de Jesus.
- Cumprimento profético: O início da pregação de Jesus na Galileia não foi um evento aleatório. Ele aconteceu em um local específico, cumprindo uma antiga profecia, o que reforça a sua identidade como Messias.
- Contexto e audiência: Ao se dirigir à Galileia, uma região marginalizada e desprezada, Jesus demonstrou que a mensagem do Reino de Deus era para todos, não apenas para os que viviam no centro religioso e político de Jerusalém. Sua primeira mensagem, “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus”, ressoava com um povo que já sentia a necessidade de salvação e esperança.
Esses fatos nos mostram que a jornada de Jesus foi uma progressão cuidadosamente planejada e cheia de significado. Cada evento — desde a prisão de João até a escolha do local para sua pregação — nos ajuda a entender quem ele era e a natureza de sua missão.
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Dia 8

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